[Resenha de disco]
Essa resenha foi originalmente publicada no:
Blind Pigs – Capitânia
(Sweet Fury Records/Zona Punk, 2013)
A expressão “lobo do mar”
sempre alude a um sujeito (ou um conjunto deles), cuja experiência no mundo
fora marcada por adversidades, intempéries e situações intempestivas. No
entanto, navegando com os ventos ou à deriva, ora vencendo, ora sendo vencido, este
mesmo sujeito - cheirando à maresia, suor e sangue - chega sempre ao seu
destino e nada se arrepende do que fez ou deixou de fazer. Olha pra trás e tira
daquilo tudo algo que o impulsiona a seguir em frente. Capitânia, o mais novo disco do Blind Pigs, traz consigo este ambiente/sentimento
em praticamente todas as suas faces: no próprio título do álbum, em sua
composição gráfica e principalmente nas letras. Sentinela dos Mares, a faixa mais intensa do disco, talvez seja a
que mais traga essa idéia incorporada e, em certo sentido, faz referência
direta a própria trajetória da banda durante todos estes anos de estrada. “Já
cruzei o horizonte, não tenho nada a temer. Na vitória ou derrota aprendi a
nunca me render” é o refrão da canção, cantado de maneira sempre incitante e
forte, como costumam ser os refrões do Blind Pigs. Incorruptível, que abre o disco, Punhos Cerrados; União; Ferro, Graxa; Antro de trastes e Cinco Cadeados, também carregam a mesma
mensagem, embora de forma mais metafórica. Em União, a banda ainda brinda, como de costume, à fiel legião de
inconformados, apresentando um som encorpado, num tom que me fez lembrar
Dropkick Murphys. A faixa atípica recai sobre Adolescência acabou, a última do disco e única composição dotada de
uma reflexão mais melancólica em relação à vida. No mais, o punkrock/hardcore
pegado e sem frescuras de sempre. Riffs
rápidos, intensidade nos vocais e backing
vocals, bateria bem marcada, com utilização fantástica dos pratos de
ataque. Um retorno e tanto dos velhos e cegos porcos. Vale a pena conferir.
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