[Memória]
Na seção Memória de hoje, uma resenha do Veni Vidi Violence III, ocorrido nos idos de 2009 em São José/SC. Também nunca foi ao ar por razões desconhecidas.
Quando
me mudei para Florianópolis, há três anos, caminhava cotidianamente pelo centro
histórico e comercial da cidade e sempre via uns cartazes de shows feitos à mão
e colados nas paredes e nos muros. Os cartazes pareciam muito com capas de
fanzine feitos manualmente, os quais via circulando pela cidade de quando em
quando. A semelhança me fez concluir que eram shows de bandas punk/hardcore. O pico dos shows era um tal de Plataforma Rock
Bar. Apesar de aguçarem a minha curiosidade, a correria da nova vida na ilha e
o círculo de amizades que se desviava cada vez mais do meio underground e
alternativo que tinha nos tempos idos de São Paulo, fez com que em três anos me
abstivesse de acompanhar estes shows que os cartazes estampavam.
Depois
do último sábado (22/08), o arrependimento me bateu a porta... Numa noite
extremamente agradável resolvi sair de casa e colar no Veni Vidi Violence III,
que aconteceu no mesmo Plataforma, em São José/SC, região metropolitana de
Florianópolis.
Com o pico relativamente vazio, avisto no palco uma
gurizada semi-nua, vestindo sutiãs, calcinhas fio dental e perucas coloridas:
era o U Pai. O som dos caras muito me agradou, lembrando bastante bandas como
Fomi, Satanaiz e MDR, só pra citar uns exemplos nacionais. Fastcore nu e cru,
sem frescuras, com riffs extremamente rápidos, vocal berrado, letras divertidas
e o batéra soltando a lenha lá atrás. Desobediência juvenil em sua melhor
forma, em músicas de 15 segundos (quando chegam lá). Este é a receita do U Pai,
de Florianópolis.
Em seguida, depois de um pequeno intervalo, chega a vez
do Motim, de Curitiba. Novamente, fiquei muito satisfeito. O som dos caras varia
entre momentos mais líricos, com acordes dedilhados, até momentos extremamente
furiosos. A presença de palco fez valer o bilhete. A performance é
impressionante, e isto desemboca num frenesi extremo do público, que
acompanhou, bateu palmas, cantou junto. Um belo quadro para observadores mais
atentos. A parte instrumental é bem trabalhada. Destaco aqui o baixista, que
groova em cima de linhas que zoam o braço inteiro, assim como os dois vocais,
um mais grave e vigoroso, outro mais rasgado e agudo, que se encaixam em uma
sintonia interessante...
Com um som direto, letras engajadas, críticas e
politizadas, o Glock foi o grande representante da noite do hardcore da Escola
Antiga, com claras influências do NYHC oitentista. Os covers de Sepultura,
Hatebreed e Madball deixaram o público extasiado. Interação 100 por cento com o
público. O baixista era a encarnação do próprio diabo, se é que vocês me
entendem, entrando no pit e se debatendo junto com a molecada. Suas marteladas nas
cordas do baixo são vitais para encorpar o som e lhe conferir peso. Humildade e
fúria. Combinação confusa, mas que talvez seja a que melhor demonstre o que a
Glock é.
Eis que sobe ao palco a Claustrum Burial, também de
Curitiba. O som dos caras é difícil de definir: uma miscelânea de hardcore,
death e como eles mesmos caracterizam thrash metal. Rotulações à parte, um tipo
de som extremamente agressivo e furioso. Uma bateria muito rápida, com riffs
pesados nas guitarras e um vocal impressionante. A textura da voz e as
variações que ele faz, que pulam da grunhida mais aguda ao fraseado mais robusto
e grave são características que causam impacto. Muito foda. Infelizmente ao
final desta banda tive que me retirar do recinto e ir embora, por motivações
pessoais. Não sei dizer se rolaram outras bandas e se rolaram, peço desculpas
por não constarem nesta resenha. Veni Vidi Violence, em sua terceira edição.
Valeu muito a pena conferir, pico show de bola. E as bandas fizeram valer o
nome do festival.
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[saia de casa e vá para os shows]
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