[Memória]
Em 2009 estive em Bauru/SP para acompanhar o Urbanoise Fest, que contaria como headliners o Nitrominds e o Ação Direta. A resenha do festival infelizmente nunca foi ao ar e para inaugurar a seção Memória da zine resolvi publicá-la.
Em uma noite
extremamente fria, resolvi sair de casa, pegar um latão básico de uma hora e
colar em Bauru/SP, para conferir o Urbanoise Fest 2009, uma empreitada da
NOISECORP e SUBVERTA!DISTRO. Confesso que durante a viagem fiquei imaginando e
conjecturando como estaria o cenário daquela cidade a qual nunca tive muito
contato, apesar de morar vários anos ao lado. O festival contou com a presença
de 6 bandas, a maioria da própria região, sendo as ultimas, Ação Direta e
Nitrominds, ambas do ABC, novamente firmando a aliança que caminha há vários
anos juntas.
Infelizmente,
não pude pegar o show inteiro da banda que abriu o festival, Clarence Full
Dead. Porém, o pouco que pude ver foi o necessário para impressionar. A banda
aposta em uma variação interessante, ora mais puxada pro ska, ora mais pro
hardcore melódico. A presença dos metais proporciona uma sonoridade incrível,
agradável pra quem os vê e pra quem os escuta. As letras, em sua maioria,
externalizam sentimentos individuais do cotidiano de jovens e adultos.
Após uma troca
rápida de palco, eis que aparece diante de nós outra banda da cidade:
D.O.S. Com riffs rápidos e pesados,
somados a um vocal rasgado e resistente, o som dos caras transita entre o
hardcore da linha novaiorquina e o metal. O baterista muito rápido, usando
sabiamente os pratos de ataque e o pedal duplo, assim como o vocalista e a sua
posição efetiva de front man, com uma presença de palco incrível são os
componentes que aqui destaco. Resumindo, agressividade e velocidade. Palavras
que contemplam o que é o D.O.S.
Com a casa um
pouco mais cheia do que o inicio, os agudenses do Artigo DZ9 se apresentam. Com
certeza o destaque recai sobre a composição, com letras engajadas, politizadas,
contestatórias. Nada mais nada menos que
o punk/hardcore em sua essência. Percebi claras influências do punk rock
brasileiro oitentista. O posicionamento da banda no palco também muito me
agradou. Em vários momentos os três componentes da banda cantavam/berravam
juntos, como que se gritassem palavras de ordem.
Em seguida
subiu ao palco o Subcut, de Presidente Prudente/SP. Riffs rápidos somados a uma
bateria extremamente(!) veloz, grunhidos
e berros. A molecada se debatendo feito loucos no chão. Esse foi o quadro que a
banda nos desenhou. Foda. Nos intervalos das musicas o baterista e o baixista
conversavam muito com o publico, expondo suas ideologias, seus pensamentos,
suas idéias. Grindzêra feita no
interior, qualidade 100 por cento.
Após uma longa
passagem de som, com uma troca quase total de palco, sobe o conclamado Ação
Direta. Confesso que conheço muito pouco da banda, mas sempre que os assisto
saio satisfeito. Os caras tocam com tesão, com o sangue fervilhando. E esse
posicionamento quase sempre implica em frisson no publico que observa. Destaco
a postura do vocalista no palco, cantando com raiva e ódio, andando de um lado
para o outro, como um animal enclausurado enfurecido. As letras criticas e
contestatórias evidenciam o punk/hardcore da escola antiga.
Para finalizar
com chave de ouro Nitrominds! Som do bom e casa cheia, apesar do set
relativamente curto. André e Lalo sempre trocando aquela idéia com o publico, incentivando-os a cantar e a se
empolgar. Após a clássica abertura instrumental, tocaram clássicas como “Bjstand and old Vienna” , “Flowers and common view”. A mais pedida e a que talvez tenha mais
enlouquecido foi “Policeman”. Contudo o repertorio foi recheado por musicas dos
três últimos álbuns, as quais não deixaram de fazer com que a galera afinada
cantasse junto. Banda foda, noite foda.
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